ALDA PEREIRA - REDENÇÃO

EU E AS OUTRAS...

Sei que dentro de mim

Há várias versões

Que adormecem no íntimo das minhas dúvidas

Sou a menina que foi?

A mulher que ainda vem?

Ou a moça que está no caminho?

De mim, disseram tantas coisas, ou pouquinho

Para mim, produziram tantas capas

Que, às vezes, me perco... Que graça!

A magra, a feia, sem graça

Depois, a gorda, ridícula, trapaças

Só inteligente, astuta, está bom, já basta!!

Não quis ter rótulo, ter dono, nem pasta

A profissão não me basta, a Academia não me basta

Sou livre, sou grande, sou vasta

Ah, não fossem essas lentes

Que palmilham meu corpo

Que lentamente passam

Nem eu, nem o mundo saberia

Que por trás de um sorriso faceiro

De quem pela vida discretamente passa

Que o corpo, o tempo, a beleza, a couraça

Alda é tudo isto e muito mais

Que o seu olhar ultrapassa

Sou eu e as muitas mulheres

Que me antecederam

Também da cor da noite, da raça

Esperam que eu EXISTA, que eu FAÇA!!

Alda Pereira