ANTONIO MARCOS

Impermanência

Processos e ressignificações fazem-nos procurar a novidade nas coisas cotidianas, reconhecer que tudo a nossa volta se modifica – igualmente as pessoas. Recriar as regras que nos foram impostas, e sair da dureza que a vida nos incrustou... E, às vezes, nesse processo perder coisas boas ao desincrustar-se. Aprender que em tudo que fazemos deixamos um pouco de nós e entender que isso é autoconhecimento, rememorar e perceber o mundo com as cores da nossa alma. É descobrir, numa fotografia, uma lembrança e salvá-la, é emoldurar sentimentos petrificando segundos do meu antigo “ser” dialogando com a natureza ao meu entorno gerando novas memórias. É perceber, como a minha pele, que um dia foi dura, amoleceu com o tempo e se fragilizou, e eu me quebrei em tantos pedaços, e entendi que minhas escolhas são tudo aquilo que fiz para encontrar meu lugar no mundo, e, então acreditar que sou constituído de penas, peles, cascas, pétalas, terra, ar e fogo. E que meus sonhos nasceram daquele grão de semente que priorizei no jardim da minha vida... e que foi muito difícil de germinar e florescer, tive que regar todo dia com dedicação e sem os excessos de sentimentos - água que, intrinsecamente, tenho e que reconheço como marco da minha natureza humana, que se reveste a cada dia de uma elegância etérea.

Estou cheio de Entusiasmo, e Encantamento ao me deixar ser revelado pelos olhos atentos de Nildes e Heitor, meus irmãos-amigos de uma vida toda, então percebo, portanto, que a vida só existe, neste exato momento, e é neste exato momento que ela é eterna e infinita mais, contudo, repleta e vazia, ela é a Impermanência.